segunda-feira, 22 de maio de 2017

Procópio Ferreira (1898 - 1979)


Publicado originalmente no site do Jornal do Dia, em 22/07/2014.

Procópio Ferreira.
Por Vieira Neto.

João Álvaro Quental Ferreira (08.07.1898/18.06.1979) nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia de São Procópio, prenome que adotaria mais tarde na carreira artística. A escola teatral portuguesa, a maneira de inflexionar, a postura cênica herdadas do teatro lusitano, marcaram definitivamente a carreira do ator que gerações de brasileiros aplaudiram como o expoente máximo de sua arte, que não se limitou ao teatro, pois o cinema que começara a ser feito no país seduziu o artista.

Estreia em 1916 na comédia francesa Lang L'ange Du Foyer ("Amigos, Mulher e Marido"), após abandonar a faculdade de direito para fazer teatro e ser expulso de casa pelo pai.
O sucesso de crítica e público chega no início dos anos 1920, com "A Juriti", peça de Viriato Correia e Chiquinha Gonzaga. Em 1924, funda a Companhia Procópio Ferreira, na qual trabalha até meados dos anos 1950, como produtor, diretor e ator principal.

Sua experiência no teatro trouxe larga contribuição ao incipiente cinema brasileiro àquela época, desde o seu aparecimento no filme "Coisas Nossas", uma espécie de revista com uma sucessão de quadros variados dirigidos pelo americano Wallace Downey, em 1931.
Voltaria às telas em 1940, fazendo um chefe de estação ferroviária em "Pureza", filme inteiramente ambientado na Paraíba.
A visita de Orson Welles ao Brasil provocou uma caricatura cinematográfica batizada de "Berlim na Batucada", de 1944, aproveitando-se no título os anos finais da Segunda Guerra Mundial. E Procópio estava no filme.

Famoso pela interpretação de peças de Molière, Procópio é convidado para exibir-se em Paris. É notória sua preferência por autores consagrados, como França Júnior, Martins Penna e José de Alencar, além de peças escritas especialmente para sua Companhia. Como por exemplo, "Deus lhe Pague", de Joracy Camargo, que leva ao palco mais de quatro mil vezes.
O pai da atriz Bibi Ferreira considerava como os seus melhores trabalhos no cinema, os filmes "O Comprador de Fazendas" (1951) e "O Homem dos Papagaios" (1953), onde assinou também o argumento. Voltaria às filmagens em 1965, para fazer "Crônica da Cidade Amada" e, pela última vez, em 1968, no longa "Em Família".

Procópio Ferreira era sempre muito contundente em suas entrevistas e de uma sinceridade impressionante. Não se preocupava em agradar ou desagradar, emitindo opiniões até mesmo polêmicas:
"Não acredito na crítica, ela só serve para os colegas dizerem mal da gente."
"Eu acho que os maus atores vão estar sempre desempregados, os péssimos atores que quiserem empregar-se não vão empregar-se nunca."
"Quando fazia as minhas peças, algumas eu fazia com êxito, e outras não, mas nada disso abalou a minha vida".
"Nunca parei de fazer teatro ou eventualmente, cinema. Sou o maior trabalhador do Brasil".         
(Resumo do capítulo 68 do meu livro inédito, "101 Ícones do Cinema que Nunca Sairão de Cena").

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br

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